Pages

O Criador de HIstórias - Prólogo


Prólogo do Meu primeiro Livro, que está na editora e será Publicado esse ano.
Acompanhe:
Prólogo
"É bom notar que há idéias pré-fabricadas a respeito de qualquer coisa, o que é bastante prático, permitindo-nos passar facilmente de uma para outra. Mas, quando a gente veio à terra com determinada missão, quando fomos encarregados de executar certa tarefa, as coisas já não são tão fáceis. As idéias pré-fabricadas, que os outros manejam tão bem, recusam-se a ficar em nossa cabeça: entram por um ouvido e saem pelo outro, e vão quebrar-se no chão. Causamos assim muitas surpresas. Primeiro, aos nossos pais. Depois, a todas as outras pessoas grandes, tão apegadas às suas benditas idéias!"
- (Maurice Druon, O menino do dedo verde)

As Primeiras Linhas
O Livro havia sido encontrado na estante. Depois de todos esses anos ninguém nunca o tinha visto ali. Mas finalmente o haviam encontrado. Como se o tempo quisesse que fosse exatamente neste momento. Os olhos cheios de lágrimas observavam o título e o autor, escrito a próprio punho. Uma caligrafia bela, quase uma obra de arte. O homem, então, começou a folhear o livro e a lê-lo em voz alta...


Algumas dúvidas a respeito do verbo Existir...
Hoje foi um dia absolutamente normal – escreveu Pedro em seu caderno, que naturalmente era usado por ele como um diário.
Pedro escrevia todas as noites antes de seu sono que, na verdade, mais parecia uma tentativa de dormir... Mas o escrever sobre sua vida era realmente algo sagrado, e tinha isso como parte de sua rotina diária. Mesmo assim, gostando de escrever, não dava muita bola aos livros já escritos, como se neles já não houvesse a mesma magia com que se acostumara escrevendo!
Naquele dia estava exausto, mas não sabia nem mesmo o porquê – talvez fosse por causa de sua insônia -, mas na verdade já estava acostumado a passar as noites em claro. Assistia TV, lia um livro raramente ou uma revista de vez em quando – quando se interessava por alguma matéria em especial - e só conseguia dormir quase no horário de ir para a escola. Mas o cansaço de Pedro não era fisiológico, era mesmo um cansaço espiritual – se é que poderia chamá-lo assim... Pensava em como seria se simplesmente fosse outra pessoa, se tivesse nascido em outro corpo, ou estivesse em uma outra história que não fosse a sua. Porém, o que Pedro não sabia era que na verdade ele poderia, antes precisaria criar um mundo, entrar e sonhar, criar um personagem para si, ou até mesmo se tornar um. Ora, o que importava era que ele iria aprender que no meio de tanta tristeza, de tantas pessoas e tantas e tantas histórias de vida, havia uma que poderia ser especial para alguém ou tornar alguém especial – sem mesmo saber que futuro teria, ou o que iria acontecer dali para frente -.
Há quem diga que as nossas atitudes, tanto as prováveis quanto as imediatas é que se tornam eternas, existindo por muitos e muitos anos até que seja esquecida e a eternidade se prolongue na vida de outras pessoas num futuro que pode-se dizer, incerto. E que na verdade nós existimos por que algo ou alguém nos criou; ou seja, uma atitude que existe até hoje e vai existir por todo o sempre que ainda houver nesse mundo. Isso nos tornou especial, porque nós existimos. E nos tornamos reais quando somos lembrados por alguém, numa realidade que as pessoas pensam que existe, mas talvez seja apenas mais uma obra da imaginação deveras fértil do homem, capaz de inventar até a realidade num simples piscar de olhos. Mas o certo é que todos nós fazemos parte de uma só história... A história da eternidade, aquela que o amor envolto em lembranças e a magia das palavras, dura para sempre.
Vivia se fazendo perguntas simples e intrigantes, mas que perturbariam até mesmo a humanidade, que gera um drama a respeito de sua própria existência, nesse palco da vida, que na maioria das vezes tornamo-nos apenas telespectadores.
Os humanos vivem dentro de um calabouço criado por eles próprios, uma masmorra de aspecto lúgubre. Porém aquele que conhece a sua própria imaginação encontra a chave do calabouço, que são obviamente os sonhos. Quem sonha e realiza seus sonhos decora o calabouço e o transforma em uma linda casa de campo. Cada um tem na mente a realidade que desejar, pois a felicidade já pronta não existe, ela tem de ser construída com o tempo, ou seja, ela só passa a existir se a construirmos.
A masmorra da vida humana pode sim ser decorada, mas para isso temos que nos construir, para que possamos de alguma maneira decorá-lo e transformá-lo de acordo com a nossa própria maneira de ver o mundo, que é o que importa.
Hoje ele tinha acordado mais cedo que o normal e via o seu quarto como se nunca o tivesse visto, mergulhado naquela penumbra da madrugada em que se podia ver até mesmo a sombra do vento pela janela do quarto envolvido pela bruma cinzenta que chegava a pairar até mesmo em seu coração, enquanto o sol já estava quase a aparecer para trazer de volta a luminosidade radiante do dia que tanto admirava. Raramente lembrava-se de um dia em que pareceu que ele tenha dormido tanto.
Ficou imóvel, deitado na cama como se essa atitude o fizesse parar o tempo, fechou os olhos e depois tornou-os a abrir.
A verdade é que agindo assim parecia mesmo que não se tinha passado um segundo sequer. Como se em um toque de mágica conseguisse fazer o tempo parar.
É uma atitude que se denomina: parar para pensar.
Então surgiu em sua mente, - como um filme - vários momentos de sua vida, até momentos em que nem se lembrava mais, como no dia em que aprendeu a andar de bicicleta – a que tinha sido presenteada pelo seu avô quando completara doze anos de idade -, o sonho de qualquer criança.
Mas já não era mais uma criança. Os sonhos foram mudando de acordo com que o tempo foi passando. Eles são diretamente proporcionais. Uma proporcionalidade justa, que revela o quanto nossa personalidade é mutável.
Há três tipos de sonhos: Os sonhos de ontem – aqueles em que nós apenas nos lembramos -, os de hoje – aqueles que não podemos esquecer, e que queremos realizar -, e os sonhos de amanhã – os que, por algum motivo, nem sequer sabemos qual é. Essa é a prova de que os sonhos são mutáveis sim, e que se não realizarmos os de hoje apenas lembraremos-nos deles amanhã com tristeza, porque sem percebermos, as nossas atitudes os tornaram sonhos de ontem.
As imagens passavam-se como filme. Tinha até momentos que Pedro dava um pequeno e quase imperceptível sorriso acanhado, lembrando-se de detalhes de sua infância, mas sempre em silêncio – ele admirava muito a maneira de como a madrugada era silenciosa e sempre respeitava esse silêncio. Lembrava-se também que não tinha deixado passar nenhum dia sequer desde aquele dia de sua décima segunda primavera, quando pegou aquele caderno que ganhou na escola e começou a escrever tudo que se passava em sua vida, por todos os dias, desde os momentos mais felizes até os momentos mais tristes em que deixara lágrimas nas paginas de seu diário, como no dia da morte de sua avó, que ele tanto amava. Estava tudo guardado bem próximo dele, a poucos metros da cama, em uma gaveta de sua estante... Praticamente uma vida inteira armazenada em gavetas. Sentiu náusea, como se escrevesse apenas para abandonar sua história e deixá-las engavetadas. A verdade é que a vida é uma grande estante, e os momentos são pequenas gavetas, a felicidade uma porta, a tristeza uma janela, e os sentimentos a única saída que podemos tomar, abrindo as gavetas da estante, pulando às vezes a janela ou abrindo a porta e saindo, como se nada demais tivesse acontecido.
Naqueles cadernos havia coisas que nem mesmo seus pais sabiam, como o quanto tinha chorado quando sua avó faleceu, a sua primeira experiência frustrada com uma garota – na verdade, não foi bem uma experiência, mas frustrada sim -, até mesmo o seu triste envolvimento com as drogas, que levara ele a uma quase depressão que provocara a sua insônia há alguns meses atrás e que só tinha aumentado sua tristeza e o desprazer de viver. Toda uma história guardada logo ali, a poucos metros de onde estava.
Levantou-se e ficou sentado na beirada da cama contemplando todas as imagens que se passavam em sua mente... Exatamente como um filme baseado em fatos reais. Sentia-se como se estivesse em outra dimensão, como se nada daquilo tivesse existido, e que nem faria importância se tivesse mesmo existido ou não. Já tinha praticamente abandonado seu passado, mas nem percebia que as suas atitudes do passado é que o tornaram quem é hoje.
Às vezes se perguntava por que mesmo escrevia, mas não sabia responder nem mesmo sua própria pergunta, só com um monte de talvez... Talvez fosse só pra não se sentir sozinho, como se escrevendo, estivesse conversando com alguém que habita dentro de si... Talvez algum dia sua vida fosse mudar e todas as palavras escritas por ele poderiam mudar a vida de alguém, como o efeito borboleta em que nossos atos estão sujeitos... Talvez em um futuro próximo sua vida fosse virar um livro, ou um filme, mas tudo não passava de dúvidas e sugestões tolas de um jovem sonhador que nem mesmo tinha a capacidade de realizar seus sonhos, como sendo apenas idéias pré-fabricadas que não teriam sentido nenhum, a não ser em sua mente, e ficariam trancadas ali pra sempre, e só sairiam para as paginas de seu caderno.
“Será mesmo que todos têm uma missão?”, se perguntava quase todos os dias, se as idéias que as pessoas tinham eram mesmo reais, se tinha algum sentido, perguntava-se, qual seria o seu?... Que bendito futuro teria? Afinal de contas, ele era só um pobre garoto normal e sem expectativas, a não ser a idéia maluca de que iria mudar o mundo, e que tinha absoluta certeza de que todo mundo já havia tido uma idéia dessas antes.
O necessário é criar uma nova realidade, sermos criadores de histórias e não apenas leitores. Talvez todos realmente já tenham pensado um dia em mudar o mundo. Pedro percebeu que por algum motivo as pessoas acabam desistindo dessa idéia e preferem acreditar na curta existência que estão sujeitos os humanos, mas eles não sabem é que já deixaram de existir quando abandonaram esse ilustre pensamento.
Era impossível deixar de imaginar em como seria seu futuro, em meio àquelas histórias todas do passado engavetadas na estante, escritas nos cadernos por sua própria caligrafia...
Sua vida teria mesmo algum sentido? Ele queria mesmo saber qual o brilhante futuro que estava preparado pra si, e se todas aquelas idéias malucas que ele tinha iam mesmo se tornar reais. Pedro estava realmente insatisfeito com a vida que estava tendo, como se deixasse o vento o levar, sem nenhuma interferência, nem mesmo a sua própria.
Ele já estava cansado de tudo isso, era por isso que estava exausto, não agüentava mais viver essa vida rotineira, e resolveu que se fosse mesmo mudar o mundo, se sua vida iria se tornar de verdade um livro como sempre imaginou, ele mesmo era quem teria de mudar tudo isso... teria que mudar sua história de vida, e, agora, depois de pensar sobre o assunto, estava disposto a tudo, por que ele mesmo teria de mudar, e não somente esperar a mudança. Teve a certeza de que são mesmo os pensamentos que mudam o caráter de cada pessoa, basta pensar, duvidar, e depois tentar ir atrás de todas essas perguntas que surgiram de um lugar desconhecido. De sua psique, para ser mais claro, que é na verdade um mundo distinto do que se passa do lado de fora de si.
Estava disposto correr esse risco. Era isso que tornava a vida uma aventura. Os riscos saudáveis, sempre desafiando toda essa infinidade de neurônios. E as dúvidas surgiam, e surgiriam cada vez mais se ele não estivesse disposto a ir atrás de todas as respostas de que procurava. A resposta que estava mesmo era em seu coração. E para isso, ele teria que conhecer a si mesmo, mas antes disso, teria que marcar um encontro...

Clube de Jovens Escritores - CJE

Veja na íntegra a minha entrevista sobre o CJE no Studio de Notícia.

Acesse : http://www.studiodenoticia.com.br/pg.php?cat=entretenimento&&id=203

Comente aqui o que você achou da entreevista!

Coincidências Inconfidentes


Um desejo incomensurável e incompreensível brota de dentro de um livro na simultaneidade de uma leitura. É o grande torpor de um mundo diferente daquele que vivemos, mas que está sempre em motricidade e paralelo ao mundo de fantasias que não estamos acostumados a ver ou viver. Essa incompreensão torna-se compreensível num estalar de dedos ou ao passar de olhos sobre um texto chamativo de uma realidade surreal que incorporamos no momento da leitura, como se na verdade estivéssemos vivendo aqueles momentos ilusórios, revelando um despeito de não ser na verdade, real, mas incorporando a utopia de uma história ou confundindo-a com uma alucinação ou pensamento vago que surgiu no exato instante que um punhado de letras infiltrou-se em sua mente, formando sentidos excêntricos, e, por fim, definidos por poucos anos de breves passados, que se tornaram no presente um eufemismo gótico, aliando-se a lembranças lúgubres de uma vida nada confidencial. Mas a coincidência de um lugar tão parecido com o nosso, de um mundo tão diferente e ao mesmo tempo tão igual, não passa de meras cópias reutilizáveis, mas nunca descartáveis, de acontecimentos múltiplos confidentes dentro de nosso tão misterioso ser... É mentira, é tudo mentira – é o que pensamos, mas muitas vezes a realidade envolve o inacreditável, como a sensação de algo que já aconteceu em um tempo remoto e desconhecido. É um déjà-vú. Tudo não passa de um incompreensível déjà-vú, pois as histórias estão ali e sempre estarão. O mundo envelhece, as pessoas tornam-se apenas senis, mas as lembranças permanecem intocadas em pedaços de papéis, onde vários mundos se cruzam, onde a irrealidade é apenas uma lenda e passa a ser, depois disso, uma história que merece ser lida, e vivida. E o efeito se desenvolve, então, passando a existir por longo e infinitos tempos, até que alguém acredite, e os rabiscos de mundos paralelos, de vidas remotas e desconhecidas, de projetos inconclusos, acaba trazendo à realidade a verdadeira noção de reais coincidências que por uma decisão, tornar-se-ão eternamente inconfidentes. Tudo escrito em um pedaço de papel em meio a uma estranha liberdade de expressão, que não podemos expressar.

Ora, tudo não passa e não passará de ilusão, nessa coincidência inconfidente que encontramos nos livros, que acaba nos envolvendo em vários mundos diferentes.

Thyago Mota

Em processo de construção!

Blog em construção. Em breve de Cara novíssima!
Aguardem!